sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

27 de dezembro de 2007

Vovozinho,

Ver-te com os olhinhos fechados daquele jeito, lembrou-me das nossas tantas tardes escaldantes de domingo, depois da comidinha da Inês e da Maria ou do vatapá da vóvó, quando você, sentado, começava a dormir. E todo mundo ria, achando graça do vôvô dorminhoco. Vovozinho, sempre lhe olhei com os olhos cheios de admiração. Era tanta que eu nunca nem consegui dizer pro Senhor. Preferia ficar, apenas comtemplando aquele homem tão trabalhador e honesto que, para minha sorte, era meu avô. O mesmo do qual diversas pessoas em tantas situações casuais vieram me contar do tamanho do seu coração. Você fazia o bem para tanta gente e nem contava para ninguém. Fazia pelo simples fato de que ajudar as pessoas é certo e humano. E todos nós tendemos a esquecer isso né, vovozinho? Mas ainda bem que existem pessoas como você para nos lembrar que devemos parar de olhar apenas para os nossos próprios umbigos e ajudar o próximo. Vovozinho, vou lhe confessar uma coisa: ás vezes eu não entendia o final das suas piadas, seu sotaque de português sempre foi tão forte. Mas mesmo assim eu ria, não com um sorriso amarelo, mas com um sorriso verdadeiramente alegre, por lhe ver se divertindo, feliz. Recordo-me de uma vez em que você estava na poltrona e o gatinho subiu na sua cabeça e começou a coça-la. Que cena ridiculamente linda, hein, Senhor Agostinho Pinto? E há mais tantas outras lembranças, bem guardadas aqui comigo. Guardadas para sempre. Vovozinho, pode ir em paz. Como pai, com a ajuda da vóvó Elizalde, o Papai, o Lulu, o Marco e a Margarida, foram todos muito bem criados. Todos são pessoas íntegras e seguem por caminhos do bem. Eu, Ludmila Lages de Carvalho Pinto, sua neta, farei de tudo para seguir por esse mesmo. Como empresário, não há quem possa abrir a boca para dizer um “ai” da Pintos. Nunca sonegou impostos, ao contrário de tantos outros por aí, nojentos. E é claro, a Pintos sempre apoiando e fazendo projetos sociais. Homens como você, jamais serão esquecidos, vôvô. Lamento por muitas coisas que não pudemos e nem poderemos viver juntos. Mas minhas memórias me consolam um pouco.
Bem, nesse momento me faltam mais palavras e minha cabeça já nem funciona direito. É difícil, mas eu preciso me despedir. Vou sentir muito sua falta, vovozinho. Todos vamos. Espero que você, onde estiver, esteja bem.
Amo você, vovozinho. Impossível não fazê-lo.
Adeus.

Da sua neta,
Ludmila Pinto

2 comentários:

Arianne Pirajá. disse...

:~
queria ter te dado um abraço! ;*

Unknown disse...

só sabe a dor de se despedir de quem nos ensinou praricamente tudo quem ja passou ... as saudades são eternas ... ferida que não sara, mais em n´so netos, fica o orgulho de ter feito parte da vida maravilhosa que nossos vovozinhos nos deixaram !